Produzir ovos e vender ou vender ovos e produzir?

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Era a páscoa de 1988 quando um jovem de 17 anos filho de pai tecelão e mãe vendedora de cosméticos resolveu revender chocolates para pagar a faculdade. O problema é que ele não tinha tais chocolates. O que o pequeno garoto tinha eram contatos. Sua mãe havia uma rede de vendedoras e compradoras frequentes, das quais o jovem resolveu aproveitar-se. Usando um catálogo antigo, anunciou ovos de chocolate 50g, e fez a devida publicidade. Tomou a arriscada decisão de vender um produto que não possuía.
A situação piora porque o rapaz também não detinha as ferramentas necessárias para fazer tais ovos de chocolate 50g, ele planejava encomendar com um distribuidor, o Sr. Osmir, e entregar aos compradores por um preço mais alto. Como havia pouca concorrência, o rapaz conseguiu vender muito bem, aproximadamente duas mil unidades de ovos de chocolate 50g. O problema é que Osmir não produzia ovos de chocolate 50g.

Foi aí que o jovem Alexandre Tadeu, fundador da Cacau Show, aos 17 anos resolveu produzir 2000 ovos, apoiado pela dona Cleusa, que já produzia ovos de páscoa e por seu tio Valdir, que emprestou 500 dólares para a compra dos insumos. Numa cozinha de 4x3m, Alexandre e Cleusa trabalharam 18h por dia, durante 3 dias, e fizeram a entrega dos pedidos, e este foi o nascimento da empresa que hoje conta com mais de 2 mil unidades, e fatura anualmente mais de 1 bilhão de reais.

Num documentário sobre sua trajetória, Alexandre lembra:
“Vai buscar o pedido, meu filho. Vende, que a gente dá um jeito de fabricar. Se você vai virar a noite, vai chamar os vizinhos, chamar a família não importa. Venda”

Quais seriam as alternativas de Alexandre?

Alexandre poderia ter investido na construção de uma cozinha, comprado equipamentos, materiais, insumos, produzido os dois mil ovos, e colocá-los a venda, mas preferiu fazer o contrário: Vender dois mil ovos, depois produzi-los, para só no futuro investir na cozinha. Qual a diferença das duas estratégias?
A primeira é a tradicional, precisa de grande investimento no início, desde infraestrutura, até ferramentas, funcionários e insumos, e mesmo depois da produção dos ovos, há a possibilidade de não vende-los, de não encontrar clientes, de não acertar o recheio dos ovos que eles desejam,  podendo desperdiçar parte da produção.
A segunda é mais arriscada, afinal se escolher vender ovos sem tê-los, nem mesmo tendo ferramentas para produzi-los, há um grande risco de não entregá-los e decepcionar a páscoa de famílias. O lado positivo é que o investimento inicial é menor, precisou pagar apenas os insumos, já que a cozinha e ferramentas foram emprestados. Outro ponto é que já existiam compradores, já era conhecido os sabores de cada ovo, a espessura da casca, a cor da embalagem, ou qualquer outra especificidade que a clientela demandava, a chance de haver desperdício da produção é muito menor.

No primeiro caso, é preciso de um alto investimento inicial para produzir ovos sem saber se vai vende-los, gastando muito, mas podendo desperdiçar muito. No segundo caso, assumimos maiores riscos, vendendo produtos que ainda nem existem, mas com um custo inicial muito menor, e muito menos desperdícios.

Este é um dos princípios fundamentais de uma Startup: Evitar desperdícios.

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