#NoMercado – Física

Postado por: geovanna

Em 2007, Marcelo Sousa, ainda estudante do último ano de física da Universidade Federal do Ceará, peregrinou por alguns hospitais de Fortaleza por causa de uma doença na família. O câncer da avó do futuro físico fez com ele constatasse uma difícil realidade. A tecnologia oferecida ao paciente, segundo ele, era algo do século 19.

O primeiro passo rumo ao mundo da inovação ocorreu de forma simultânea à decisão de fazer o mestrado. Ele leu como se fosse um romance o livro Física para Ciências Biológicas e Biomédicas, de Emiko Okuno e outros autores, e começou a entender que a fronteira entre a física e a biologia era muito pequena. “Eu escrevi para a autora pedindo para ela me orientar no mestrado. Ela disse que estava aposentada e me indicou um laboratório no Instituto de Física da USP. Lá decidi então que seguiria a área da fotomedicina, um campo praticamente desconhecido”, diz Sousa.

o mestrado veio o doutorado e, por meio do programa Ciência sem Fronteiras, a possibilidade de estudar em Harvard. O doutorado do físico cearense culminou com a descoberta do fenômeno da fotoneuromodulação. Neste processo, o uso da luz faz com que os neurônios passem a conduzir menos a sensação de dor, o que gera um efeito analgésico na pessoa, sem efeitos colaterais.

O salto entre a pesquisa básica feita durante o doutorado e a inovação tecnológica desenvolvida pela Bright Photomedicine, fundada em novembro de 2014, foi um inocente jogo de futebol, nos Estados Unidos. “Lembro que depois de um racha, no MIT, contei para os amigos sobre a minha pesquisa. Todos foram unânimes em me dizer que eu tinha em mãos um projeto de startup”, lembra Sousa. “Lá, eles têm muito sangue nos olhos quando o tema é inovação tecnológica.”

Segundo ele, entre 2013 e 2014, a imersão no mundo da inovação foi total. “Percebi que era um ambiente que me daria muito mais retorno profissional do que simplesmente seguir a carreira acadêmica tradicional. Aprendi muito, porque as pessoas desse setor têm visões diferentes das dos cientistas. É muito interessante.”

Constituída em 2015, a Bright Photomedicine está instalada na Incubadora USP/Ipen-Cietec. A ideia científica que deu sustentação à startup foi apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da FAPESP. Em 2017, na fase 2 do programa, a empresa obteve mais recursos para o projeto “Desenvolvimento e validação tecnocientífica de equipamento vestível wearable para fototerapia”.

“Além do efeito analgésico, também estamos pesquisando o uso da luz como anti-inflamatório ou também com ação neurológica, em casos de enxaquecas, depressão, Parkinson ou Alzheimer”, diz Sousa. Segundo ele, apresentações sobre estes próximos passos feitas em workshops internacionais foram bem recebidas pela comunidade científica.

Em tese, o efeito terapêutico da aplicação de luz ocorre devido a reações fotoquímicas no interior das células. Neste processo, os tecidos biológicos produzem remédios endógenos que permitem ao organismo voltar a ficar saudável. O que abre a possibilidade, também, de a tecnologia ser usada na cura de feridas ou em pós-operatórios em geral.

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Fonte: http://pesquisaparainovacao.fapesp.br/startup_utiliza_luz_contra_a_dor/1018